Durante a campanha eleitoral do ano passado, o então candidato Fábio Candido (PL) fez da "caixa preta" do governo anterior sua bandeira principal. Com discursos inflamados, ele insinuou, sem apresentar provas, que havia desvios de recursos públicos e prometeu que, se eleito, uma de suas primeiras ações seria abrir essa tal caixa preta. A promessa era clara: uma auditoria rigorosa para investigar irregularidades e trazer transparência à administração pública. Passados 35 dias de sua posse, no entanto, a única "caixa" que foi aberta, e branca, foi a da Saúde – e, ironicamente, referente à sua própria gestão.
A pergunta que não quer calar é: onde está a tal caixa preta? Onde está a auditoria prometida? O que parecia ser um compromisso firme com a transparência e o combate à corrupção transformou-se em mais uma estratégia eleitoreira, uma cortina de fumaça para iludir e confundir o eleitor. Fábio Candido usou a retórica da caixa preta como um artifício para ganhar votos, mas, uma vez no poder, parece ter esquecido completamente dessa promessa.
É inaceitável que um candidato que se elegeu com base na crítica ao governo anterior e na promessa de investigar supostas irregularidades simplesmente abandone esse compromisso após assumir o cargo. A falta de ação em relação à caixa preta não só desmoraliza o discurso de transparência, mas também reforça a desconfiança da população em relação aos políticos. Afinal, quantas vezes já vimos promessas grandiosas serem feitas durante as campanhas, apenas para serem esquecidas após as eleições?
A postura de Fábio Candido até agora é, no mínimo, contraditória. Enquanto aponta supostos erros do governo passado, ele se omite em relação à investigação prometida. E, ao ver aberta a "caixa" da Saúde, Candido tem problemas para explicar o que vem ocorrendo em sua própria gestão.
É hora de cobrar mudanças. A população rio-pretense não pode aceitar passivamente que promessas feitas em campanha sejam descartadas sem explicações. Fábio Candido foi eleito com base em um discurso de combate à corrupção e de transparência, e agora deve honrar esse compromisso. A abertura da caixa preta do governo anterior e a realização da auditoria prometida não são apenas questões de responsabilidade política, mas também de credibilidade.
Se o prefeito realmente acredita em um governo transparente e honesto, é hora de agir. Caso contrário, sua gestão será lembrada não apenas pelas promessas não cumpridas, mas também pela falta de coragem para enfrentar os desafios que ele mesmo colocou em pauta. A caixa preta não pode ficar esquecida no armário. É tempo de abri-la e mostrar à população que, afinal, a política pode ser feita com integridade e respeito ao eleitor.
A mudança de postura começa agora. E a cobrança também.
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