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Política MUDANÇA RADICAL

“Rillo,meia volta, volver”

A esquerda está calada, acuada. Envergonhada?

05/02/2025 09h28
Por: Jair Viana Fonte: Jair Viana
O silêncio da esquerda denuncia que há errado que não está certo
O silêncio da esquerda denuncia que há errado que não está certo

A postura de João Paulo Rillo, vereador rio-pretense e figura histórica da esquerda, tem gerado perplexidade e indignação entre aqueles que esperavam dele uma atuação firme e coerente com seus princípios. Sua trajetória política, marcada por militância estudantil e passagens por partidos de esquerda como o PT e o PSOL, sempre foi associada à defesa de bandeiras progressistas e ao combate às desigualdades. No entanto, seu comportamento recente, especialmente diante do governo de extrema-direita do prefeito Fábio Candido, parece ter abandonado qualquer resquício de crítica ou resistência, substituindo-as por elogios rasgados e uma postura de submissão que beira a capitulação.

Durante as eleições do ano passado, Rillo já havia chamado a atenção por sua atitude ambígua. Enquanto seu pai, Marco Rillo, concorria à prefeitura, João Paulo optou por não confrontar diretamente o candidato de extrema-direita, Coronel Fábio Candido (PL), mantendo-se em um silêncio cúmplice. No segundo turno, sua proposta de campanha pelo voto nulo, em vez de se posicionar claramente contra a ascensão da extrema-direita, revelou uma falta de tática e de compromisso com a luta política que deveria ser intrínseca a um representante da esquerda. Após a vitória de Candido, Rillo parece ter selado um pacto de conveniência com o novo governo, abandonando qualquer resquício de oposição e transformando-se em um aliado tácito do prefeito.

Seu discurso na sessão da Câmara desta terça-feira (4) é a materialização dessa traição aos princípios que supostamente defendia. Ao elogiar o governo de Candido por sua "humanização das relações", Rillo não apenas ignora as políticas autoritárias e excludentes típicas de governos de extrema-direita, mas também legitima um projeto que, em sua essência, é antagônico aos interesses da classe trabalhadora e dos setores mais vulneráveis da sociedade. Sua fala, repleta de bajulações e justificativas para os erros do governo, é um desserviço à democracia e à luta por justiça social.

O que mais choca, no entanto, é o silêncio da esquerda rio-pretense diante dessa postura. Enquanto Rillo se rende ao discurso do "governo humanizado", figuras históricas do movimento progressista parecem ter abdicado de seu papel de fiscalizar e combater as políticas de um governo que representa justamente o oposto do que sempre defenderam. O afastamento da médica Merabe, por exemplo, foi um momento crucial em que a esquerda deveria ter se posicionado de forma contundente, denunciando os abusos e as contradições do governo. Em vez disso, o que se viu foi um silêncio ensurdecedor, interrompido apenas pelos elogios de Rillo ao prefeito.

É inaceitável que um vereador que se diz de esquerda se transforme em um arauto do governo de extrema-direita, legitimando suas ações e ignorando seus desmandos. A postura de Rillo não apenas desmoraliza a luta política da esquerda, mas também envia uma mensagem perigosa à população: a de que não há alternativa ao projeto autoritário e neoliberal de Candido. Essa capitulação não pode ser tolerada. A esquerda rio-pretense precisa urgentemente se reorganizar, resgatar seus princípios e retomar o papel de oposição firme e combativa que lhe cabe. Caso contrário, corre o risco de se tornar irrelevante, ou pior, cúmplice de um projeto que nega tudo o que sempre defendeu.

Aos Rillo, pai e filho, resta a lembrança de um passado de lutas que hoje parece ter sido abandonado em nome de conveniências políticas. Aos militantes e eleitores de esquerda, resta a tarefa urgente de exigir coerência e resistência de seus representantes. A história não perdoará aqueles que, em momentos decisivos, optaram pelo silêncio e pela submissão. E, no caso de João Paulo Rillo, é ainda mais grave: ele praticamente assumiu voluntariamente a condição de líder do governo, com um discurso ao estilo Luciana Gimenez: "abafa o caso". Essa atitude não só deslegitima sua trajetória política, mas também mancha a história da esquerda rio-pretense, que merece representantes à altura de suas lutas e ideais.

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Na execução da ordem militar "meia volta, volver", o soldado inicia a execução com o pé direito e puxa a marcha com o pé direito.

5 comentários
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AlexandreHá 2 semanas São José do Rio Preto/SPNão sei se é falta de conhecimento ou raciocínio limitado ao considerar a esquerda riopretense no singular, como se tivesse um tipo de esquerda só. Talvez seja necessário um repertório maior de conhecimento antes de fazer a matéria!
Mauricio Evangelista de SouzaHá 2 semanas São José do Rio PretoNão sendo prolixo, a esquerda institucional e eleitoral não encampa os interesses dos que constroem um programa socialista, nós enquanto partido nós colocamos além das eleições na construção de uma sociedade justa, igualitária que não sofre as mazelas do capitalismo. Os governos Lula I e II e Dilma não criaram um programa de luta de classes, socialista e de emancipação da classe trabalhadora e com as conciliações escusas nos jogou na lama do neofascismo bolsonarista. Não somos a mesma esquerda.
Mauricio DravenHá 2 semanas São José do Rio PretoBoa tarde Jair Viana, tudo bem? Sou Mauricio Draven, sindicalista e uma das lideranças da Unidade Popular em Rio Preto, caso não conheça sugiro que busque sobre o partido, que entre os novos partidos, é o que mais cresceu. Desde o início tenho buscado apoiar a Dr. Merabe, o sindicado e mesmo que em lados opostos ideologicamente, a doutora é completamente à direita do espectro politico, nós a esquerda inclusive dos partidos citados no texto. Em Rio Preto temos menos de 18 meses e com bons numeros
Lawrence Garcia Há 2 semanas São José do Rio PretoPerfeito o texto!!
Arif CaisHá 2 semanas São José do Rio Preto, SOO articulista faz uma denúncia grave, porém, não explícita as razo para o caso, sem a qual torna-se denúncia vazia. Respeitosamente sugiro que o faça, esclarecendo-nos as razões que levaram a denunciar o mais ativo dos representantes do povo.
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Sobre BLOG DO VIANA
JAIR VIANA - É jornalista e radialista há mais 40 anos. Tem experiência no jornalismo investigativo, sendo detalhatista nas suas apurações. Já sofreu ameaças e um atentado a bala.Atualmente, além deste Blog, é colunista e editorialista do Diário de São Paulo. Autor do romance "Lola, Casada Por Acidente - Tudo pode acontecer".
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