A postura de João Paulo Rillo, vereador rio-pretense e figura histórica da esquerda, tem gerado perplexidade e indignação entre aqueles que esperavam dele uma atuação firme e coerente com seus princípios. Sua trajetória política, marcada por militância estudantil e passagens por partidos de esquerda como o PT e o PSOL, sempre foi associada à defesa de bandeiras progressistas e ao combate às desigualdades. No entanto, seu comportamento recente, especialmente diante do governo de extrema-direita do prefeito Fábio Candido, parece ter abandonado qualquer resquício de crítica ou resistência, substituindo-as por elogios rasgados e uma postura de submissão que beira a capitulação.
Durante as eleições do ano passado, Rillo já havia chamado a atenção por sua atitude ambígua. Enquanto seu pai, Marco Rillo, concorria à prefeitura, João Paulo optou por não confrontar diretamente o candidato de extrema-direita, Coronel Fábio Candido (PL), mantendo-se em um silêncio cúmplice. No segundo turno, sua proposta de campanha pelo voto nulo, em vez de se posicionar claramente contra a ascensão da extrema-direita, revelou uma falta de tática e de compromisso com a luta política que deveria ser intrínseca a um representante da esquerda. Após a vitória de Candido, Rillo parece ter selado um pacto de conveniência com o novo governo, abandonando qualquer resquício de oposição e transformando-se em um aliado tácito do prefeito.
Seu discurso na sessão da Câmara desta terça-feira (4) é a materialização dessa traição aos princípios que supostamente defendia. Ao elogiar o governo de Candido por sua "humanização das relações", Rillo não apenas ignora as políticas autoritárias e excludentes típicas de governos de extrema-direita, mas também legitima um projeto que, em sua essência, é antagônico aos interesses da classe trabalhadora e dos setores mais vulneráveis da sociedade. Sua fala, repleta de bajulações e justificativas para os erros do governo, é um desserviço à democracia e à luta por justiça social.
O que mais choca, no entanto, é o silêncio da esquerda rio-pretense diante dessa postura. Enquanto Rillo se rende ao discurso do "governo humanizado", figuras históricas do movimento progressista parecem ter abdicado de seu papel de fiscalizar e combater as políticas de um governo que representa justamente o oposto do que sempre defenderam. O afastamento da médica Merabe, por exemplo, foi um momento crucial em que a esquerda deveria ter se posicionado de forma contundente, denunciando os abusos e as contradições do governo. Em vez disso, o que se viu foi um silêncio ensurdecedor, interrompido apenas pelos elogios de Rillo ao prefeito.
É inaceitável que um vereador que se diz de esquerda se transforme em um arauto do governo de extrema-direita, legitimando suas ações e ignorando seus desmandos. A postura de Rillo não apenas desmoraliza a luta política da esquerda, mas também envia uma mensagem perigosa à população: a de que não há alternativa ao projeto autoritário e neoliberal de Candido. Essa capitulação não pode ser tolerada. A esquerda rio-pretense precisa urgentemente se reorganizar, resgatar seus princípios e retomar o papel de oposição firme e combativa que lhe cabe. Caso contrário, corre o risco de se tornar irrelevante, ou pior, cúmplice de um projeto que nega tudo o que sempre defendeu.
Aos Rillo, pai e filho, resta a lembrança de um passado de lutas que hoje parece ter sido abandonado em nome de conveniências políticas. Aos militantes e eleitores de esquerda, resta a tarefa urgente de exigir coerência e resistência de seus representantes. A história não perdoará aqueles que, em momentos decisivos, optaram pelo silêncio e pela submissão. E, no caso de João Paulo Rillo, é ainda mais grave: ele praticamente assumiu voluntariamente a condição de líder do governo, com um discurso ao estilo Luciana Gimenez: "abafa o caso". Essa atitude não só deslegitima sua trajetória política, mas também mancha a história da esquerda rio-pretense, que merece representantes à altura de suas lutas e ideais.
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Na execução da ordem militar "meia volta, volver", o soldado inicia a execução com o pé direito e puxa a marcha com o pé direito.
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