A cena parece saída de um roteiro de filme sobre contradições políticas: Rosicler Quartieri, secretária da Mulher, senta-se ao lado de Rubem Bottas, secretário de Saúde, em mais uma reunião de gestão. O problema? Bottas foi condenado em segunda instância por violência contra sua ex-mulher. E, enquanto ele permanece no cargo, o constrangimento só cresce – especialmente para quem, como Quartieri, é a voz das mulheres na administração municipal.
Em uma rápida conversa, a secretária da Mulher deixou escapar seu desconforto. Perguntada se já havia levado o caso ao prefeito Fábio Candido, ela respondeu: "Ainda não, não entramos em discussão...". E completou, com um tom que mistura resignação e frustração: "A gente vem da Educação e está acostumada a ver casos nesse sentido." "A gente tem que saber lidar". A fala, que poderia ser interpretada como uma tentativa de diplomacia, soa mais como um grito de desespero contido e a expressão do constrangimento.
O ELEFANTE NA SALA
Enquanto Bottas ocupa sua cadeira de secretário com a tranquilidade de um maquiador que atende sua cliente preferida, ignorando as condenações judiciais por violência doméstica, Rosicler Quartieri tenta equilibrar-se entre o dever de representar as mulheres e a obrigação de manter a harmonia na equipe de governo. O resultado? Um silêncio ensurdecedor, que fala mais alto que qualquer discurso.
A pergunta que não quer calar é: até quando a secretária da Mulher vai precisar "saber lidar" com a presença de um colega condenado por agressão à mulher? E, mais importante, até quando o prefeito Fábio Candido vai fingir que não vê o elefante na sala – ou, no caso, na bancada de secretários?
A HIPOCRISIA
O caso de Rubem Bottas é emblemático. Condenado em segunda instância por violência doméstica, ele continua à frente da Secretaria de Saúde, como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, Rosicler Quartieri, cuja função é defender os direitos das mulheres, é obrigada a conviver com o constrangimento de dividir a mesa com alguém que representa exatamente o oposto do que ela deveria combater.
E o prefeito Fábio Candido? Até agora, nada. Nenhuma demissão, nenhuma exoneração, nenhum posicionamento claro. A mensagem que fica é clara: para o governo, a violência contra a mulher não é prioridade – ou, pior, é um tema que pode ser convenientemente ignorado.
Hora da Decisão.
Rosicler Quartieri pode até tentar "saber lidar" com a situação, mas uma coisa é certa: o constrangimento não vai desaparecer sozinho. Enquanto Bottas permanecer no cargo, a secretária da Mulher continuará sendo lembrada de que, no governo de Fábio Candido, as promessas de combate à violência doméstica não passam de palavras vazias e parecem fazer mal à saúde política do prefeito.
E o prefeito vai continuar fingindo que não vê? Ou vai finalmente tomar uma atitude que mostre que, em Rio Preto, a violência contra a mulher não será tolerada – nem mesmo quando o agressor é um secretário de governo?
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