Em 2024, durante a acirrada campanha eleitoral em São José do Rio Preto, o então candidato Fábio Candido (PL) ergueu a bandeira da moralidade como se fosse um estandarte intocável. Seu discurso era claro: não há espaço para desvios éticos na administração pública. Ele atacou ferozmente seu adversário, o deputado estadual Itamar Borges (MDB), por uma condenação em segunda instância relacionada à negligência, não ao desvio de recursos. Candido posou como o paladino da justiça, chegando a declarar, em um dos debates, que estaria disposto a prender seu oponente se necessário. A mensagem era clara: ele seria o defensor da lei e da ordem. Mas, agora, no poder, sua narrativa moralista parece ter se esfacelado diante de um caso que expõe sua duplicidade.
O prefeito, que tanto criticou Itamar Borges por uma condenação que não envolvia corrupção, hoje se cala diante de um escândalo muito mais grave: seu secretário de Saúde, condenado em segunda instância por violência doméstica contra mulheres. Sim, o mesmo homem que se apresentou como justiceiro agora abriga em sua equipe alguém condenado por um crime que fere diretamente os direitos humanos e a dignidade das mulheres. A contradição é escandalosa. Enquanto na campanha ele usava a condenação de Borges como arma política, hoje faz ouvidos moucos ao caso de seu secretário, como se a violência contra a mulher fosse menos relevante do que uma suposta negligência administrativa. Não se trata de nada pessoal contra o secretário, mas um questionamento sobre a posição ambígua do prefeito.
O que choca não é apenas a hipocrisia, mas a mensagem que isso envia à sociedade. Ao manter um condenado por violência doméstica em um cargo tão sensível quanto a Secretaria de Saúde, Candido não apenas desrespeita as vítimas de violência de gênero, mas também normaliza um crime que deveria ser combatido com rigor. A violência doméstica é um problema estrutural no Brasil, e a atitude do prefeito sinaliza que, para ele, esse tipo de crime pode ser ignorado ou minimizado quando conveniente. É uma afronta às mulheres e a todos que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária.
Durante a campanha, Candido usou a condenação de Itamar Borges como prova de sua suposta superioridade moral. Agora, no entanto, ele parece ter adotado a mesma "venda da Justiça" que tanto criticou. Ao não se pronunciar sobre o caso de seu secretário, ele passa a impressão de que a moralidade é um conceito flexível, moldável conforme seus interesses políticos. O que era inaceitável no adversário tornou-se irrelevante quando o problema está dentro de sua própria casa. Essa dualidade não só mancha sua imagem, mas também levanta questões sobre sua transparência e integridade como líder.
A sociedade de Rio Preto merece respostas. Como pode um prefeito que se elegeu com um discurso de combate à impunidade agora fechar os olhos para um crime tão grave? O silêncio de Candido é, no mínimo, cúmplice. Ele não pode se esconder atrás de desculpas burocráticas ou jurídicas. A população espera coerência e transparência, não um governante que muda de posição conforme o vento político. Se ele realmente acredita nos valores que pregou durante a campanha, deve agir imediatamente, afastando o secretário e se posicionando contra a violência doméstica. Caso contrário, sua gestão será marcada não apenas por promessas vazias, mas por uma hipocrisia que envergonha a cidade.
Enquanto isso, as mulheres de Rio Preto, e todos aqueles que lutam por justiça e igualdade, ficam à espera de um gesto que nunca chega. Fábio Candido, que se apresentou como o defensor da lei, hoje parece mais preocupado em proteger sua imagem do que em enfrentar os problemas reais. A pergunta que fica é: até quando a população vai tolerar essa duplicidade? A verdade é que, enquanto o prefeito finge desconhecer o caso de seu secretário, a violência contra as mulheres continua sendo tratada como um problema menor. E isso, sim, é uma negligência inaceitável.
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